Entrevista com a banda ''Ratazana Punk'' de Cerqueira (SP)
Por Lixo Litoraneo
Há 18 anos a banda Ratazana Punk, influência a cena de Cerqueira e região, com uma sonoridade simples e concreta do Punk Rock, com letras que buscam repassar a realidade do país em que vivemos.
Entrevista
1- Bem... para início de conversa, fale sobre a formação e o início da banda, e o que mudou nesses anos?
A formação atual do RATAZANA é Marcelo no Baixo e Vocal, Caio na Guitarra e Backing Vocal, e Ado na Bateria. Porém a banda existe desde 1994, que começou com o intuito de fazer covers da banda Ratos De Porão, daí o nome Ratazana, mas logo iniciou composiçôes próprias e assumiu sua identidade. Da formação original apenas está o baterista Ado, pois dos outros dois, um se converteu crente e o outro se suicidou. Ao passar dos anos, outros integrantes fizeram parte da banda, até que em 2004 a banda se firmou com a formação atual. Quanto à sonoridade, a banda sempre fez músicas de protesto, mas no início era um Hardcore com vocal gutural, e hoje a banda faz Punk Rock simples.
2 -Ratazana é uma banda que está no cenário há um tempo. Fale como eram os punks na sua época, e se com tudo o que acontece no mundo globalizado hoje em dia em termos de economia e modo de vida, á um diferença dentro da contra cultura?
Quanto à nossa época, em nossa região não houve muita mudança no cenário Punk Rock, pois aqui sempre foi mais forte o Metal. Aliás, sempre tivemos bons contatos com o pessoal envolvido no Metal. Na época mantínhamos muito contato com pessoas distantes daqui, de vários lugares do Brasil, através de cartas, onde promovíamos nosso som e difundíamos a música de protesto no underground.
Junto com a Economia atual, fruto da Globalização, veio o acesso à rede mundial de computadores, que facilitou os contatos, praticamente extinguindo as cartas via correio como fazíamos antigamente. A modernidade trouxe o progresso tecnológico, e dentro do contexto, propiciou o aumento de interessados temporários (pessoas que obtém informação do Punk Rock e se interessam pelo estilo apenas por algum tempo, e que depois "queimam o filme" do estilo).
Hoje em dia, assim como antigamente, quando surgiu o movimento Punk, acreditamos que ainda devemos protestar contra tudo que achamos que está errado. Confiamos no Punk Rock como a melhor ferramenta para expressão do que somos contrários.
3 - Cite seus trabalhos e fale deles.
Em 1995 gravamos o CD-Demo intitulado "Prisioneiro do Poder". Em 1997 saiu o CD-Demo "Revolução" e em 1999 o CD-Demo "Vermicéfalos". Estes trabalhos não foram muito divulgados devido a qualidade de gravação que tinhamos acesso àquela época.
Consideramos como trabalhos bons e que divulgamos até hoje são os CD-Demos "Hardcore" de 2004 e "Classe Operária" de 2010.
Algumas de nossas músicas participaram de coletâneas, entre elas a "Gold Star Collection", “HC Scene 6”, "Fúria E Ódio - 6 Way Compilation" e "Kompilação Libertária#Attack The System", além de ter sido bem criticada pela revista Rock Brigade edição Novembro/2005.
Atualmente divulgamos as músicas dos CD-Demos "Hardcore" e "Classe Operária", e músicas novas que ainda não foram gravadas.
4 -Vocês possuem letras que citam o trabalhador brasileiros e suas condições de vida, falando em política qual a visão de vocês sobre ela? eo que acham dos nossos políticos?
Nossas letras abordam assuntos diversos, sempre na linha de protesto. No CD-Demo "Classe Operária" abrangemos muito a relação Empregado X Empregador.
Acreditamos que ainda há muito o que se evoluir quanto aos direitos dos trabalhadores em nosso país, principalmente em questões de salário justo e pagamento em dia.
Quanto aos nossos políticos... é difícil até de falar. Parecem que fazem de tudo para nosso país decair. Só pensam em ganhar dinheiro e garantir o bem estar de seus familiares e mais chegados.
5 - Quais são as fontes de inspiração para fazer as letras, e quais são as bandas que influenciaram vocês ?
Nossas letras falam de nossa realidade, do que sentimos, da nossa revolta, e do que vivenciamos em nosso país. Falamos o que vivemos. Não há muitos motivos para comemorar quando pensamos na posição de nosso país, por isso seria muita falsidade falarmos algo do tipo "... Moro num país tropical... que beleza, que beleza... tem carnaval...", enquanto alguns idolatram a "garota desfilando em Ipanema", vários brasileiros estão na miséria, desempregados, sem sequer ter oportunidade de melhorar de vida.
Quanto à musicalidade, nos inspiramos em bandas como Ramones, Ratos De Porão, etc...
6- Como é a cena aí no interior de SP? Muita movimentação, gig e etc?
Aqui, como falamos, nunca houve grande número de Punk Rocks. Sempre foi maior o cenário Metal. Já tocamos também em festivais com bandas de Metal por aqui. Mas a cena Punk Rock sempre se manifestou através de festivais. Aqui em Cerqueira César organizamos uma vez por ano um festival beneficente, onde já participaram bandas da região e também da capital paulista.
Além dos que organizamos aqui em nossa cidade, já participamos em festivais de várias cidades do interior paulista, como Marília, Jahu, Avaré, Santa Cruz Do Rio Pardo, etc. Já nos apresentamos também com bandas Punks na capital Sâo Paulo.
7- Como a violência dentro do rolê e nas grandes metrópoles na opinião de vocês, podem influenciar a mulecada ,que está conhecendo a cena há pouco tempo, e o que vocês pensam disso?
Acreditamos que a violência atrelada ao Punk Rock pode influenciar negativamente a mulecada. O Punk Rock, como música de protesto, deveria influenciar as pessoas a lutar por melhores condições de vida, e nunca a violentar o próximo.
8- Fora do estado de São Paulo, vocês já tocaram aonde? E como foi que conseguiram?
Fora nosso estado já tocamos na cidade Cambará/PR. Estávamos tocando no Bar do Bonani em São Paulo, quando um cara do Paraná que estava presente no festival nos convidou para tocar em sua cidade, e fomos.
Ainda não tocamos em outros estados por falta de oportunidade.
9- Falando em espaço musical, como anda a árdua tarefa de conseguir patrocinadores e também estar presentes nos eventos , ou a banda por sua ideologia propiá tenta não focar tanto nesse tema?
Sempre tocamos sem patrocínio. Todos os festivais que tocamos e organizamos, quanto os CD-Demos que gravamos, sempre foi por esforço próprio sem ajuda de terceiros. Nunca visamos fins lucrativos, pois o Punk Rock acima de tudo sempre foi nossa forma de se expressar e de se divertir, e lutamos para fazê-lo sem depender de ninguém.
10- Qual a opinião de vocês em relação a falta de compromisso da galera com os eventos underground?
Quem não tem compromisso com a cena é porque não faz parte da cena.
11- Obrigado pela entrevista. Rola algum dia gig aqui no litoral? E últimas palavras!
Nós que agradecemos pelo espaço de expor nossas ideias. Esperamos que o Blog tenha vida longa e ajude a difundir a cena underground.
Estamos dispostos a tocar aí no litoral sim. Aguardamos oportunidade!
Nossas últimas palavras: Nesse ano eleitoral, vamos nos conscientizar. Não confie em político. Vote Nulo!
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ResponderExcluirwww.facebook.com/pages/Ratazana/163439533735419
Ma página contém informações, fotos e link pra download da demo "Classe Operária".